terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pensamento nº1


Frame do Filme Gladiador (2000) de Ridley Scott

Há poucas coisas na vida que se assemelhem mais à perfeição que uma banda sonora, um copo de Logan's (12 anos) e uma fotografia. (faltam-me os cigarros que já se acabaram).

Eu sei que não vou para o céu de certeza, eu sei que mesmo que haja um não porei lá os pés, então porque não sacrificar umas horas de sono para se fazer o que se gosta? Puro epicurismo.

É, no entanto, impressionante como um tão doce momento se pode aproximar tanto de um amargo descontentamento. Se há linhas ténues entre o mal e o bem, o génio e a loucura, o amor e o ódio, porque não também uma entre a felicidade e a tristeza?

Por exemplo, a banda sonora é excelente (Hans Zimmer, Gladiator Soundtrack) mas daqui a uns minutos acabará, o whisky é bom, mas somente mediano, e também acabará, (não há cigarros), e uma fotografia é somente isso.

É só uma cara quando uma cara me diz tão pouco. Quando uma cara não tem cheiro, uma cara não tem som, uma cara constantemente com a mesma expressão. Somente uma cara. Um olhar pela janela, bonito; um sorriso apagado, agridoce; lábios tristes... melancolicamente belos.

Sempre bela... mas sempre tão longe.

Talvez a vida seja uma constante espera por cinco minutos de felicidade. Talvez tudo seja assim. Por um primeiro beijo esperamos uns doze anos, pelo primeira noite, uns dezassete, pelo primeiro filho, vinte e cinco, pela reforma, sessenta e cinco, e pela morte... esperamos que um punhado de boas decisões nos comprem mais uns aninhos de vida.

Tudo isto é mau? Talvez nem tanto assim. Esperar leva a que nos sintamos felizes por ter aguentado até ao fim.

Portanto, esta noite, espero por ti. E nas próximas... E nas seguintes.
E se espero tanto imagina a recompensa que terei quando te encontrar.
Ou o quão forte me estatelarei no chão se disseres que não.

De qualquer das formas, espero por ti.
Com um copo de Logans na mão, o H. Zimmer nos ouvidos, e uma fotografia na outra mão, cá te espero.

Aparece, um dia destes,
Diogo Ferreira